Um amigo de sempre.

Para lembrar, registre.

guardeos

Quando nasci, a vida me colocou em Itajaí.

Talvez os Deuses (sejam eles Maias ou não) já soubessem tudo que eu enfrentaria… Em um breve resumo: 09/86 – Itajaí/Marieta/9o andar/Acácia. Dos 10 aos 12 anos, Minas/Ilicínea/boi/vaca/galinha/pomar, dos 12 aos 15, Goiânia/setores/diferente/parques/mudanças, dos 16 em diante vamos chamar apenas de Santa Catarina. Obra da vida, vamos combinar. De lá pra cá, daqui pra lá, perdi infindáveis pessoas pela distância, as gargalhadas ecoavam no vento, os pássaros já não eram mais os mesmos, o besouro que passava todos os dias na porta da sala – que eu jurava de pé junto que era o mesmo do dia anterior – já não mais passava, os momentos se perdiam no tempo, os acontecimentos já não podiam mais ser comemorados mutuamente, era só eu e as novas pessoas, novas escolas, novo tudo. Eu que sempre fui dramática – talvez porque goste mesmo de ser melosa – que sempre quis ter uma amiga de infância, tinha agora uma bagagem enorme de lugares, personalidades, felicidades e cidades. Sentimentos que muito provavelmente derivavam das experiências vividas. Afinal de contas, como poderia eu saber o quão legal seria conhecer outras pessoas, outras culturas, outros locais, outras cenas?

Por fim, ficava me perguntando se seria sempre assim e o que a vida me reservara. Vivia querendo de novo aquela 5a série, o meu cachorro, o meu roller, o pátio de café, os cupins, as festas de igreja, a Praiana, minha vizinha de porta, minha gata que fugiu, a árvore que eu subia, o riacho que eu nadava, o ônibus que me levava, a escola que eu gostava, os amigos que eu fazia, as músicas que eu cantava e os acessos que sofria. Mas, o mundo me deu mais, me deu aquilo tudo o que eu desejava, uns amigos que são mais do que da infância, são de vidas passadas, presentes e futura.

Não tardou muito que eu pudesse entender que ter amigos não significa – necessariamente – ter anos narrados, as vezes basta um momento. Que nem sempre aquele que sorri hoje, sorrirá amanhã da mesma forma, que as vezes é preciso compreender, aceitar e deixar que se vá, que a mínima discussão deverá ser perdoada, acalentada e não alimentada… Que a felicidade de um verdadeiro amigo conforta e me faz feliz, que o reconhecimento é a chave da prosperidade, que o respeito alimenta a alma e que o amigo faz parte dela. Absorvi que não viveria sozinha. Que precisaria de alguém pra me escutar, me abraçar, me divertir e ser divertido. Aceitei que a presença física é sim substituída pela presença de coração. Decidi que já era hora de definir o que me faria feliz e nesse caso, quem me faria. Acabei por revelar a mim mesma que só eu posso trilhar esse caminho, mas que também, ninguém melhor do que eu para escolher quem seguirá comigo. Identifiquei e reconheci àquelas que me fazem tão bem que o corpo aquece no frio, a saudade aumenta no verão e os dias se tornam mais longos e sinceros.

Cheguei a conclusão de que eu nada seria sem os amigos da minha infância alterada e (quase) madura. Eu não seria feliz, não seria amada, não teria paz, não brigaria por justiça, não subiria no emprego, não chegaria até o altar, não entraria no mar até o fundinho, não diria não, me anularia, amaria sem eco e adormeceria sem história. Amigo é muito, transborda. Me enche de alegria, tensão, vida. Me faz escrever, me faz sonhar, me faz ajudar, me faz seguir em frente por ele, por mim e por nós.

Aquele amigo de longe, de outro Estado, aquele da mesma cidade, aquele amigo que você viu casar, viu engravidar e verá uma nova vida nascer, aquele que você conheceu no café da empresa e decidiu que levaria adiante, aquele que você escolheu perdoar e hoje entende que foi a melhor decisão a ser tomada, aquele que nas datas especiais se esforça pra te ver, para estar presente e que quando não pode, justifica com amor, aquele que findou mas que deixou um legado de alegria no pensamento, aquele que você espera muito e recebe exatamente aquilo que esperava, aquele que é diferente de você e que você sempre acha que é exatamente igual. Aquele que você vai casar, aquele que será seu padrinho de casamento, aquele que ficará com seus filhos, aquele que estará lá na frente quando você vencer. 

Amigo, é amigo. Não deixe pra daqui a pouco, reconheça-os. Para morrer, basta estar vivo. Para não entender, basta calar. Para passar, vá pelo caminho mais difícil. 🙂 E, nada impede que seu amigo de uma semana, venha ser seu amigo de sempre. E eu realmente gostaria de agradecer cada um, cada pequeno gesto, cada palavra de cuidado e afeto, cada dia que se passa que me é permitido compartilhar as alegrias e tristezas.

E, não esqueça que: “O amigo é a resposta aos teus desejos. Mas não o procures para matar o tempo! Procura-o sempre para as horas vivas. Porque ele deve preencher a tua necessidade, mas não o teu vazio.” Gibran

7 comments on “Um amigo de sempre.Add yours →

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  1. E quando eu acho que não tem mais como me surpreender, vc vem com uma dessas!
    Essa é a Rê! Linda, amiga, sincera e transbordando amor!

    Love you sweetheart :*

  2. Ah Páraaa!!! Quase choreii!! Uiaaa! Em plena segunda-feira!!
    Bom pra começar a semana bem inspirada 🙂
    Love you too 😉

  3. Rë, o que falar de um um sentimento táo pleno e certo que tenho por ti! Honro a tua vida, amo nossos caminhos cruzados, nossa cumplicidade, amo a maneira que nós tão diferente nos completamos. Obrigada por me permitir fazer parte da sua história! Te amo!