Dom Cândido, Miolo e Valduga.

Sim, nessa ordem.

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Quando a primeira ideia de viagem para Bento Gonçalves no RS surgiu, vieram alguns pensamentos à mente, o primeiro deles foi: meus primos já estiveram lá, deve ser legal! O segundo foi algo do tipo: VINHO E ESPUMANTE!! Gosto muito.
Já o terceiro veio como uma onda: Procurar o que fazer lá, quem conhecer, onde ir, saber o que é imperdível e como melhor aproveitar esse tempo que passa tão rapidamente hoje. E claro, procurar passar pelo menos um pouco de qualquer sentimento que ficasse em mim, independente de qual fosse, nesse blog. Logo, no retorno à SC, naqueles momentos em que você – dirigindo ou não – se flagra olhando pela janela a paisagem e pensando na “vida”, eu sintetizei o melhor do que a viagem deixou: as pessoas e suas histórias e, como as vinícolas são o ponto principal do local, pretendo unir a informação útil com a sensação de amor desse povo.

Eu não conhecia o Rio Grande do Sul, nem digo que hoje “conheço” mas usufrui de uma breve passagem, onde tive a honra de conversar (ouvir) alguns personagens que ficarão em minha memória. Espero que juntamente com as dicas, esse relato seja fonte de inspiração pra você, que está dedicando um pouquinho do seu tempo em ler minha humilde opinião e fantasia sobre essa viagem de sonhos e nostalgia.

Me sinto na obrigação de comentar que nunca havia visto parreirais tão verdes, tão lindos e consequentemente uma paisagem tão diferente daquela que a gente vê todos os dias no litoral 🙂 . Essa região do Rio Grande do Sul, encanta. Ficamos hospedados em Pinto Bandeira, município emancipado em Janeiro deste ano, quando anteriormente fazia parte de Bento Gonçalves. A pousada Fornasier fica a 10km aproximadamente do centro de Bento, e um pouquinho mais do Vale dos Vinhedos, onde ficam algumas das maiores e mais conhecidas vinícolas.

 

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Indicação: Não tem luxo, mas há certo conforto, peça para ficar no quarto 403 onde a visão da cachoeira Dois Amores prevalece ante a tudo, que no caso considero o ponto forte da pousada, sua localização privilegiada.
Saímos Sábado cedo em busca da Vinícola Valduga, no entanto, no caminho nos deparamos com a Dom Cândido. Você se deparará com muitas, inúmeras, e terá que certamente escolher um destino certo. Fora do nosso roteiro, entramos pois havia dentro do carro um bom entendedor que fez o comentário de que seria um dos melhores vinhos brasileiros que ele já havia provado, então, por que não? Era pouco mais de 10hs da manhã quando adentramos no local, vazio, aconchegante e com decoração natalina, conversamos um pouco com o rapaz da loja e escolhemos alguns vinhos. Eu não, era minha primeira loja de vinhos, mal sabia sobre sua história e confesso que estava dando “pouco valor”, afinal de contas, por que comprar um “Dom Cândido (desconhecedora) se poderei comprar um Valduga e um Miolo?” E foi nesse meio tempo de pensamento decisório, que entra na loja um senhor sorrindo e dizendo a seguinte frase: – Santa Catarina?

Simmm, ele olhou a placa do nosso carro (único carro até então estacionado), respondemos sorridentes que sim, e nos mantivemos onde estávamos, cada um na sua posição de comprador e turista. Até que ele se apresenta como Cândido. Ele, o italiano, parte da família que deu seu nome ao vinho. Amável como ele só, falou, falou, falou e falou… Vejam bem, ele é italiano! Fiquei (ficamos) encantados com a presença dele, com o astral e com suas poucas histórias, se permanecêssemos o dia, seriam muitas… Ele contou brevemente que seu nome era Cândido VALDUGA. Ah, pois é, são irmãos. O mais velho ficou com o ultimo nome, tendo posse da Vinícola Valduga, e ele ali, logo ao lado, deu seu nome, ao seu vinho, Dom Cândido! E não é que ele preza por qualidade e não quantidade? E não é que ele foi um querido indo nos cumprimentar e dizendo que “chegamos cedo?”… Diz ele que gosta de conversar e que triste mesmo ele fica quando os turistas “não aparecem” pra que ele possa conhece-los e bater um papinho. Pronto, foi o suficiente: comprei o vinho para uma das principais pessoas da minha vida: meu avô. O vinho teve significado, além de delicioso, teve história, teve valor. Por isso, Dom Cândido está em 1o lugar na minha lista top 3. Olha ele (o Cândido) aqui em baixo 🙂 🙂
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Seguimos correndo para a Valduga (roteiro) para fazermos a visitação e hummmmm, degustação. Local lindo, grande, “pomposo” e igualmente cheio de histórias… Obviamente não conhecemos o tal irmão mais velho do Cândido, seriam muitas pessoas pra ele prosiar… Mas, nos inscrevemos na visitação. Custa R$ 20,00 por pessoa, com direito a tomar posse da taça que você recebe no início, pra sabe né? Levar de lembrança… Nos encaixamos no horário de 11h30, com previsão de duração de 1h15min. Lá você começa com um vídeo e segue para o subterrâneo. Longas explicações, algumas paradas para experimentar sempre dois tipos, seja de vinho ou de espumante. Nada muito técnico, mais histórico e por que não, sentimental? A Valduga ficou em 3o lugar no meu top, demorado, cansativo, mas enfim, Valduga é Valduga e claramente tem seu valor, mas, tive que comparar com a Miolo… hehehe

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Espumante em processo de decantação.

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Loja – Casa Valduga.

Seguiremos para a Miolo, mas antes uma parada na história, na Maria Fumaça! O trip advisor entre outros citam e classificam como passeio “imperdível”, eu, como nunca havia nem pisado em um trem, enchi o saco do noivo pra me levaaaaar! E ele levou (queriiido!) 😀 O trajeto faz Bento – Garibaldi – Barbosa. Duração de aproximadamente 2hs (o nosso levou 2h30min) tem um pouco da história da imigração italiana nos locais e shows pequenos à bordo. Um mimo!

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* Lembrando que há degustação de vinho e de espumante – Miolo e Garibaldi (nessa ordem).

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ATENÇÃO: não há comida durante o trajeto 🙁
heeheheheh

Retornamos à Bento (de bus) e fomos direto para a Miolo, tentar a ultima visita de 17h30.
Lugar LIN-DO. Verde é lindo demais, quem não se derrete? Custo: R$ 10,00 por pessoa, onde metade, R$ 5,00 é revertido em compras na loja, valor inclui mini curso técnico.
E, querem saber? Gostei da Miolo, gostei da guia que com apenas 16 anos, se forma no próximo ano como Enóloga, breve e completa, a explicação dela foi ótima e não foi cansativa. Um pouquinho do local:
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No fim, somos surpreendidos pela sala de degustação (digo surpreendidos porque é muito diferente da Valduga). Nela você encontra 4 taças próprias para os vinhos a serem experimentados + uma explicação antes de tomar avidamente cada tipo deles e uma espumante… InLove.

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Preciso ainda especificar que a Miolo ficou em 2o lugar no top? Rica em tamanho, pessoas, explicações, visão, ganhou disparado. Mas, comigo é no coração, e com isso o Cândido certamente rouba a cena!

Para entender: 3 vinícolas + passeio de trem feitos durante apenas 1 dia, sem falar no jantar que há lugares de sobra fofos para escolher e, depois de entender deu pra sentir um tiquinho da vida boa que a cidade te proporciona, certo? Pessoas simpáticas, imigrantes com história, gaúchos com orgulho, Brasil lindo, Sul lindo, paisagem de tirar o fôlego. Sobra vinho, falta dinheiro e você ainda sim adquire bons sentimentos e vibrações de tanta história desse povo desde 1875!

(e eu certamente tomei algumas taças de vinho, acho que ganhei no mínimo meses de soma do famoso “1 cálice de vinho tinto por dia, faz bem ao coração.” )

“Todos somos cidadãos do Mundo!”

Luís Eusébio

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  1. Ao terminar de ler o post, vontade 1: viajar para o mesmo lugar. Vontade 2: tomar um vinho!
    Aguardando a prõxima viagem.
    =*